domingo, 1 de dezembro de 2013

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI EM POESIA...



Mais uma criança vagando pelas ruas
quem se importa
se de pés descalços
ou se o pão adormecido de ontem à noite
foi a única refeição?
Quem reparou que o velhinho dormiu na praça
e o curativo em sua perna está vencido?
Quem lhe trará a bandeja com o café da manhã?
Vestidos coloridos à beira da estrada passeiam
Quem reparou que elas têm só 12
13, 14, 15...
Ou mal passaram dos nove
E os caminhões param?
Quem leu a última notícia
sobre mais uma tribo
massacrada, esmagada
esquecida de todos os direitos?
Quem viu o negro ser abordado na esquina
Quem se importa se mais um travesti morreu?
Quem socorreu os gritos abafados da vizinha
que o marido espanca
Quem tem um pouco de esperança
pra menina
torpemente molestada
violentada pelo próprio pai?
Quem se importa com o bulling
se ele é só um homossexual?
Quem valoriza a honra
de uma palavra empenhada
Quem abomina a mentira
a fraude
a corrupção?
Quem ainda enxerga o irmão que sofre
Quem quer mais educação?
Quem ainda fala de amor
Quem ainda exala poesia
Quem ainda se importa
Brada
luta e espera
que o coletivo importe mais
que o individual
que a justiça ainda impere
e haja um mundo melhor
igual...

Quem?

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